Ministro da Saúde menospreza médicos cubanos, farmacêuticos e benzedeiras; Conselho de Farmácia de SP exige retratação


27 de junho de 2016 às 23h34


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por Conceição Lemes e Marcelo Nassif
Na última sexta-feira, 24 de junho, o ministro interino da Saúde, o engenheiro e deputado federal licenciado Ricardo Barros, fez uma visita oficial a municípios do seu Estado, o Paraná.
Em Ponta Grossa, falou sobre o Mais Médicos. Garantiu que vai priorizar os médicos brasileiros, durante a renovação do contrato do programa:
“Em setembro, 3.500 médicos vencem o seu prazo [no programa federal]. Muitos vão permanecer, outros não. Nós vamos fazer um grande esforço no sentido que os médicos brasileiros preencham essas vagas”.
Em seguida, soltou esta pérola:
“Se tiver algum ponto em que médicos brasileiros não queiram ir, teremos lá um médico cubano. É melhor ter um médico cubano do que um farmacêutico ou uma benzedeira”.
Essa frase é uma verdadeira radiografia da incompatibilidade de Ricardo Barros com o cargo que lhe foi dado por Michel Temer.
De cara, demonstra que ele desconhece que saúde exige abordagem multidisciplinar. E também como funciona o nosso sistema de saúde.
Para piorar, refere-se pejorativamente aos médicos cubanos, farmacêuticos e benzedeiras,  revelando ignorância, preconceito, desrespeito e desconsideração.
Ao incluir as benzedeiras, mostra o seu menosprezo com a nossa cultura popular. Mexe ainda com a fé alheia.
Muitos que benzem, homens e mulheres, são portadores de uma cultura centenária, atávica, assim como os indígenas. São verdadeiras enciclopédias de plantas medicinais. Por meio da cultura oral, eles vão passando, através das gerações, os seus conhecimentos, inclusive para cientistas. Em vários lugares, são a única a opção de cuidado.
Ricardo Ramos confunde os profissionais que trabalham numa farmácia.
Nem todo mundo atrás dos balcões é farmacêutico, profissão que exige curso universitário com duração média de cinco anos e registro nos conselhos regionais de Farmácia.
Não é à toa que farmacêuticos e outros profissionais de saúde estão detonando o ministro golpista.
Os comentários no Facebook do Ministério da Saúde dão uma ideia da indignação.
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O Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo soltou a nota abaixo.
Além de dar uma aula ao ministro sobre o tema, exige retração imediata. Será que conseguiremos uma resposta digna e verdadeira desse senhor?
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