Há uma
nova tensão no ar. Não se trata de mais um impasse institucional. Surgiu como
resultado da evolução natural das coisas e de necessidades urgentes da
população brasileira. Mas representa um problemão para pessoas e instituições
que tentam obter novas respostas fazendo as perguntas de sempre. Assim, fica
difícil avançar na superação de problemas que surgem a partir de uma
configuração alternativa à realidade com a qual sempre convivemos.
A nova
tensão é essa provocada pelo fim do financiamento das campanhas eleitorais com
dinheiro de empresas. Afirmam especialistas em marketing político, integrantes
da Justiça Eleitoral, candidatos, analistas políticos e líderes partidários que
a campanha ficará mais cara para todos os envolvidos direta e indiretamente,
que aumentará o risco de fraude eleitoral, que o caixa 2 vai ganhar maior
complexidade com desdobramentos nocivos das táticas clássicas da corrupção e
que teremos mais uma lei que será sistematicamente desrespeitada.
A lógica
dessa linha de raciocínio é: onde e como vamos buscar o dinheiro para manter o
atual perfil das campanhas?
Pressupõe-se
que se trata a campanha de um fenômeno social, político e cultural
historicamente estabelecido. Como tal, não pode ser revertido quanto ao volume
de atividades, os recursos tecnológicos mobilizados para guias eleitorais
eletrônicos, os custos com infraestrutura e com a contratação das equipes de
mobilização. Por que não pensar em mudar a metodologia adequando os meios para
a comunicação eleitoral durante a campanha à nova realidade da limitação legal?
De que forma o dinheiro poderia deixar de exercer a centralidade absoluta na
eficiência de uma campanha para eleger um candidato?
Esses
são os novos desafios que se impõem a partir das mudanças ocorridas no ano
passado e que valem para o pleito desse ano. Como quase todo mundo sabe, a
legislação eleitoral mudou. A nova lei, 165/2015, que operou mudanças nas leis
9.504/1997 (das eleições), 9.096/1995 (dos partidos políticos) e 4.737/1965 (Código
Eleitoral), proíbe financiamento por pessoas jurídicas. Discutir a mudança é
importante. Tem a ver com uma chance concreta de redução das desigualdades
quanto ao poder de arregimentação do eleitorado, da promoção de ideais e da
prática do convencimento na disputa pelos cargos eletivos.
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