Maia diz que candidatura de Lula é 'mais provável do que não'



Em evento com Haddad, presidente da Câmara disse que se ex-prefeito tivesse sido candidato à Presidência da República no lugar de Dilma, o partido 'não estaria passando pela crise que passa hoje'






Gillberto Amendola, André Ítalo Rocha e Marcelo Osakabe, O Estado de S.Paulo
28 Agosto 2017 | 21h26
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira, 28, que considera a candidatura em 2018 do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "mais provável do que não". O petista não conseguirá ser candidato caso seja condenado em segunda instância pela Justiça Federal. Ele foi condenado em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A declaração de Maia foi dada após pergunta sobre sua avaliação para o cenário eleitoral em 2018, em evento sobre renovação política em São Paulo, na sede do Insper. O presidente da Câmara disse ainda que o ex-presidente, caso seja candidato, vai fazer uma campanha mais radical à esquerda. "Ele vai querer criar um polo de radicalização para garantir a ida dele para o segundo turno", afirmou.

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Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO
Também participou do debate sobre renovação da política brasileira o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Questionado se a figura de Lula não seria um problema para a renovação política na esquerda. "É um problema para a direita, para a esquerda, para todo mundo. É uma figura muito complexa, quase um cometa!". A plateia riu.  Haddad defendeu a habilidade de Lula em criar pontes e negociar com diversos lados da política e da vida pública. 
Sobre uma possível candidatura à presidência, Haddad desconversou. Já Maia disse que, se Haddad tivesse sido candidato à Presidência da República, no lugar da ex-presidente Dilma Rousseff, o partido "não estaria passando pela crise que passa hoje".
O presidente da Câmara também comentou que o DEM "precisa primeiro construir uma mensagem, que tem que vem antes do nome (para a Presidência)." Curiosamente, Maia também lembrou que em 2010 e 2014 o partido foi "maltratado pelo PSDB" . "Em 2010, tive que negociar a aliança com Serra de madrugada. E, em 2014, eles fecharam uma chapa puro sangue", lembrou. 
Reforma. Um dos maiores pontos de divergência entre os dois convidados foi o distritão. Maia defendeu a adoção do sistema como regra de transição até 2022 (como ponte para o distrital misto). "Não acredito que o sistema seja pior do que existe hoje. O voto majoritário renova mais que o voto proporcional. Como regra de transição, acho válido", disse o presidente da Câmara. 
Já para Haddad, o distritão atingiria a questão da diversidade na representação dos congressistas. "Não vai deixar espaço para o aparecimento de minorias políticas", falou. "A transição não é o distritão. Para mim, a transição seria o modelo atual sem coligação proporcional", completou. O petista concorda com Maia a respeito do distrital misto. 
O ex-prefeito sugeriu até que o Supremo Tribunal Federal entrasse em cena para garantir o fim das coligações já para 2018. Já Maia vê com maus olhos a intervenção do Judiciário. "Não gosto do Supremo decidindo pelo Parlamento. Prefiro que Congresso vote ele mesmo o fim das coligações", declarou o deputado, após a provocação de Haddad.
Haddad considerou a introdução da ideia do Parlamentarismo no debate sobre reformas políticas uma "anomalia" - e que apenas admitiria uma consulta popular para qualquer mudança do tipo. "As mudanças precisam ser legitimadas pelo voto", disse Haddad. Maia concordou com a hipótese de uma consulta popular no caso do parlamentarismo crescer como hipótese. 
Maia também pontuou que o sistema brasileiro passa por um longo processo de desgaste. "A saturação do sistema político brasileiro já acontece há muitas eleições". 

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