Pimenta: Em mais de 1 hora de gravação, Tacla Duran nos confirmou tudo o que denunciou, como a manipulação de planilhas pela Lava Jato e atuação do padrinho do Moro

29 de outubro de 2017 às 22h02

por Conceição Lemes-Viomundo
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer, muito menos  cair do céu.
No peito e na coragem, os deputados federais petistas Paulo Pimenta (RS) e Wadih Damous (RJ) foram para a Espanha, onde passaram os últimos dias.
Missão: fazer um conjunto de diligências em busca de documentos e depoimentos relacionados à Operação Lava Jato e à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS. Os dois representam o Partido dos Trabalhadores nessa CPMI.
Os dois já estão retornando ao Brasil.
Via mensagens escritas no WhatsApp (a ligação caía toda hora), conversei com Paulo Pimenta. Ele e Wadih estavam no aeroporto de Madri, aguardando a hora do embarque.
“Gravamos mais de uma hora com o advogado Rodrigo  Tacla Duran”, afirma Pimenta. “Ele nos confirmou TUDO o que ele já havia denunciado anteriormente por meio de entrevistas.”
“Por exemplo,  a maneira como o Ministério Público Federal obtém as delações, o uso de planilhas e extratos manipulados, em desacordo com os originais dos sistemas da Odebrecht,  a atuação do amigo e padrinho do juiz Sérgio Moro, que teve a mulher de Moro, Rosângela, como sua sócia no escritório.”
Tacla Duran trabalhou como advogado para Odebrecht de 2011 a 2016.
O Ministério Público Federal (MPF) acusou-o de lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Ele tentou fazer delação premiada, mas as negociações fracassaram.
Ele teve então a prisão decretada por Moro. Chegou a ser detido na Espanha em novembro de 2016. Em janeiro, foi libertado. O Brasil pediu a sua extradição, mas a Espanha negou –Tacla Duran tem dupla cidadania.
Desde então, ele vem dando entrevistas com acusações à Lava Jato e à Odebrecht. Sobre a empreiteira, ele disse que ela fraudou documentos apresentados em seu acordo de delação premiada.
Em matéria de Mônica Bergamo, publicada na Folha de S. Paulo, em 27 de agosto de 2017, Tacla Duran incriminou o advogado  trabalhista  Carlos Zucolotto Junior, amigo e padrinho do juiz Sérgio Moro, de intermediar negociações paralelas dele com a força-tarefa da Operação Lava Jato.
Para relembrar, alguns trechos da reportagem:
As conversas de Zucolotto com Tacla Duran envolveriam abrandamento de pena e diminuição da multa que o ex-advogado da Odebrecht deveria pagar em um acordo de delação premiada.
Em troca, segundo Duran, Zucolotto seria pago por meio de caixa dois. O dinheiro serviria para “cuidar” das pessoas que o ajudariam na negociação, segundo correspondência entre os dois que o ex-advogado da Odebrecht diz ter em seus arquivos. J
(…)
No texto publicado na internet, ele afirma que, entre março e abril de 2016, tratou das investigações da Lava Jato com Zucolotto. O escritório do advogado atuava havia dois anos como correspondente da banca Tacla Duran Advogados Associados, no acompanhamento de audiências trabalhistas e execuções fiscais.
“Carlos Zucolotto então iniciou uma negociação paralela entrando por um caminho que jamais imaginei que seguiria e que não apenas colocou o juiz Sergio Moro na incômoda situação de ficar impedido de julgar e deliberar sobre o meu caso, como também expôs os procuradores da força-tarefa de Curitiba”, escreveu Duran. Ele diz que estava nos EUA e que, por isso, a correspondência entre os dois ocorria através do aplicativo de mensagens Wickr, que criptografa e pode ser programado para destruir conversas.
“Ao se prontificar a me ajudar”, segue, “Zucolotto explicou que a condição era não aparecer na linha de frente. Revelou ter bons contatos na força-tarefa e poderia trabalhar nos bastidores”.
 Antes que Zucolotto entrasse no circuito, segundo ainda o texto de Duran, o procurador Roberson Pozzobon teria proposto que ele pagasse uma multa de US$ 15 milhões à Justiça. Duran diz que não aceitava a proposta. “Depois de fazer suas sondagens, Zucolotto conversou comigo pelo Wickr”, afirma o ex-advogado da Odebrecht.
Na suposta correspondência, Zucolotto afirma ter “como melhorar” a proposta de Pozzobon. Diz também que seu “contato” conseguiria “que DD [Deltan Dallagnol]” entrasse na negociação.
Ainda segundo Duran, a ideia de Zucolotto era alterar o regime de prisão de fechado para domiciliar e diminuir a multa para um terço do valor, ou seja, US$ 5 milhões. “E você paga mais um terço de honorários para poder resolver isso, me entende?”, teria escrito Zucolotto, segundo a suposta transcrição da correspondência entre eles. “Mas por fora porque tenho de resolver o pessoal que vai ajudar nisso.”
“Nós também andamos atrás do processo do Sandro Rossell, ex-presidente do Barcelona, atualmente preso”, observa Pimenta. “O caso envolve diretamente Ricardo Teixeira e a Globo.”
Sandro Rosell, que era sócio de Ricardo Teixeira, está no Presídio Soto del Real, em Madri, desde maio de 2017.
“Ricardo Teixeira tem residência fiscal em Andorra, onde tem contas em mais de um banco”,  atenta Pimenta.
O principado de Andorra  fica entre a Espanha e a França.
Antes de viajar, Wadih e Pimenta apresentaram requerimento para que Tacla Duran seja ouvido na CPMI da JBS.
Os dois entregarão oficialmente à CPMI as gravações bem como todos os documentos obtidos, incluisve os de Andorra.
Os Petistas vão entregar também na CPMI, mais de uma hora de gravações com o advogado Rodrigo Tacla Duran.

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