Juízes vão lutar “até o fim” por privilégio. Já é o fim, excelências

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O espírito mais bélico baixou nos juízes brasileiros.
Lê-se, no Estadão, que suas excelências anunciam que não aceitarão “a perda de qualquer direito sem a luta necessária”.
O direito, entre outros, é o de receber o “auxílio-moradia” mesmo vivendo em sua própria cidade, em imóvel próprio.
“Lutaremos até o fim!”, exclamou dramaticamente, em mensagem a seus colegas, o presidente da Associação dos Juízes Federais, Roberto Veloso.
É impressionante o rebaixamento moral da magistratura brasileira.
Qualquer sujeito, mais ainda um juiz, sabe que receber auxílio-moradia que não se destine a custear moradia – admissível quando se é mandado servir em outra cidade, distante –  é um evidente desfio de finalidade de verba, e verba pública.
É como receber uma diária de viagem sem viajar, uma fraude.
O concurso público que prestaram não lhes dá direito a terem privilégios imorais e seu poder de decidir sobre a vida do homem comum deslegitima-se quando passam a se considerar acima dele em direitos e recompensas.
Não é, como diz o juiz Veloso, uma “difamatória campanha lançada por alguns setores da imprensa”.
Ninguém está contestando que um juiz, levado a trabalhar em uma Pequenolândia do Norte possa ter ali uma casa digna para si e para sua família, naturalmente que comprovando o custo de aluguel.
Mas sua excelência financiar o seu apartamento próprio na Lagoa ou em Ipanema como se estivesse recebendo para morar num lugar remoto é indecente.
Embora a decência não esteja muito em voga entre as togas, vai ser inevitável que lhes seja, então, imposta como, para ficar no espírito de uma véspera de Natal, aos fariseus que mercadejavam no templo.

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