Nesta terça-feira, 16, o presidente determinou que
a Caixa afastasse quatro vice-presidentes
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Fabio Serapião
17
Janeiro 2018 | 10h07
No relatório final de
investigação independente contratada pela Caixa, o escritório Pinheiro Neto
cita um e-mail do gabinete do então vice-presidente da República, Michel Temer,
para o vice-presidente afastado do banco Roberto Derziê. “Conforme contato
telefônico, segue o pleito para Superintendente Regional de Ribeirão Preto
-SP”, diz a mensagem assinada com: “atenciosamente, Michel Temer.”
Como resposta, o VP
de Operações Corporativas da Caixa diz que o pleito seria tratado com
prioridade. O Palácio do Planalto afirma que Temer não envia e-mails e que
funcionários cuidam do correio eletrônico.
Questionado pela
auditoria sobre o e-mail, Derziê afirmou “que se tratava de uma indicação de
uma pessoa para o cargo de Superintendente da Região de Ribeirão Preto”.
Temer determinou que
a Caixa afastasse quatro VPs, entre eles Derziê, na terça-feira, 16. A ordem
foi dada após divulgação da recomendação do Banco Central pelo afastamento e do
ofício dos procuradores da Greenfield à procuradora-geral da República, Raquel
Dodge, endereçado ao presidente Temer. No documento, os investigadores
alertavam que Temer poderia ser responsabilizado por futuros crimes cometidos
pelos VPs da Caixa a partir do dia 26 de fevereiro, prazo final dado pelo MPF
para que o Planalto afastasses os executivos.
Tanto a recomendação
do BC como o ofício dos procuradores da Greenfield se baseiam no relatório
produzido pelo Pinheiro Neto. O documento afirma que foram encontrados
“documentos que podem indicar, pelo menos, o atendimento de pedidos ou o
fornecimento de informações de operações em trâmite na CEF, por parte de
Roberto Derziê de Sant’Anna, a Moreira Franco e a Michel Temer”;
Sobre a relação de
Derziê com Temer aventada por matérias jornalisticas, diz o relatório,
“aparentemente, essa informação pode ter algum grau de veracidade, considerando
a relação de Roberto Derziê de Sant’Anna com Moreira Franco” e o fato dele “ter
sido convidado para ser Secretário Executivo de Relações Institucionais da
Presidência da República quando o Presidente Michel Temer assumiu o governo”.
O Estado mostrou que
a investigação contratada pela Caixa detectou casos de influência política no
banco em ao menos quatro vice-presidências. O vice-presidente de Operações
Corporativas Roberto Derziê de Sant’Anna também aparece na investigação interna
por conta da citação de Joesley Batista, em seu acordo de colaboração, de que
ele estaria envolvido no “recebimento de pagamentos indevidos”.
Segundo o pedido de
afastamento do MPF, troca de mensagens entre Cunha e Geddel apontam Derziê como
intermediador de interesses de Henrique Constantino, dono do grupo Gol, na
Caixa. Sobre suas relações políticas, o MPF cita sua proximidade com o ministro
da Secretaria de Governo, Moreira Franco. O ministro de Michel Temer teria
solicitado, diz o MPF, “informações relativas a status de operações em trâmite
na CEF”.
Questionado sobre sua
relação com Temer, Derziê disse que conversou “poucas vezes” com o presidente
no Palácio do Jaburu e que quando trabalhou ia a residência oficial da vice-presidência
“tratar da liberação de emendas parlamentares”.
Segundo ele, Temer teria pedido que ele ajudasse o
governador de Mato Grosso, Pedro Taques, a retomar a obra do VLT. Derziê diz
que avisou Taques sobre a inviabilidade da operação uma vez que o Estado tinha
garantias a oferecer.
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