247 - "Claro que, desde o impeachment, vivemos um momento de esgarçamento institucional, com leis, regras e normas dobrando-se à necessidade de quem detém os poderes político e econômico. Tornou-se corriqueiro ver nossa Carta Magna sendo usada como papel higiênico de luxo por gente que defende a moral e os bons costumes", escreve o jornalista Leonardo Sakamoto. "Talvez por isso, o governo federal nem corou as bochechas quando afirmou que pode suspender a intervenção federal por um dia ou dois para votar a Reforma da Previdência".
"Se a sua preocupação fosse realmente a população, seu governo nem cogitaria a suspensão. Porque um local onde ocorrem ''morte de inocentes'', ''bairros inteiros sitiados'' e ''avenidas transformadas em trincheiras'' não pode ficar um ou dois dias sem a ''medida extrema'' que ele escolheu para resolver o problema, correto?", questiona.
"O que ele vai fazer para que o povo, governo estadual, policiais, militares, traficantes, milicianos permaneçam sem fazer nada de novo enquanto Brasília vota a reforma? Vai gritar ''estátua'' e confiar que todos fiquem exatamente no mesmo lugar, esperando? Isso sem contar que essa ''pausa'' pode ser declarada inconstitucional", continua.
Segundo o blogueiro, "na verdade, como não existe a 'suspensão', ele teria que conseguir vários deputados federais com cara de otário para aceitarem, após revogado a intervenção, votar a Reforma da Previdência e, logo depois, aprovar um novo decreto de intervenção". "O Brasil é um grande videogame com botão de pausa. Funciona tão bem que até a democracia foi posta em compasso de espera enquanto seus políticos brincam com jogos de guerra".
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