Cevando Joaquim

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São bastante evidentes os sinais de que o status quo está investindo em Joaquim Barbosa como “saída de emergência” para o impasse eleitoral em que meteu o país.
Negro, bem-sucedido, ele tem em si, como Marina Silva, uma origem popular, que induz o eleitor a achar que pudesse ser, no poder, uma porta para o reencontro entre o povo brasileiro com o governo de seu país.
Cessa aí o elenco de virtudes que Barbosa tem para candidatar-se a presidente.
Porque qualquer um que, por um instante, parar e pensar no que o ex-presidente tem, como currículo e como programa para o Brasil resume-se a, literalmente, nada, exceto as caretas que fazia por conta de suas dores nas costas (feliz e misteriosamente desaparecidas), os bate-bocas com os outros ministros e o ânimo punitivo com que encarava os réus do chamado “mensalão”.
Ah, sim, há mais uma coisa: a importação de uma versão “xingling” da Teoria do Domínio do Fato, cujo autor, o jurista alemão Claus Roxin, desautorizou expressamente o uso da maneira em que foi empregada aqui.
Quanto às ideias de Joaquim, sabe-se pouco, quase nada. Basicamente o que ele, esporadicamente, publica no twitter.
Por elas, apenas ficamos sabendo sua opinião sobre o “Brexit”, que considera “tabajara” o impeachment de Dilma Rousseff e que o Brasil é dominado por políticos e mídia conservadoras, entre os quais está o “deplorável” Michel Temer.
Nada mau, é verdade, mas bem pouco, não é?
Agora, aponta-se-lhe como “grande esperteza política” o seu silêncio sepulcral sobre a intenção de candidatar-se.
Não parece que, mesmo com apartamento em Miami, Barbosa seja aficcionado pelo jogo, onde esconder as cartas seja virtude.
Na democracia, ao contrário, virtude é mostrá-las, colocá-las à discussão pública, colher os frutos – e também os caroços – do que se pensa e do que se faz.
E, também, da capacidade de fazer isso dialogando, convencendo e não, como o ex-ministro deu provas de fazer, com imposições e berros, como aquele “vá chafurdar no lixo” que ordenou a um repórter.
Embora a mídia, mesmo com seus coices, jamais tenha desgostado dele. Já o cevou em 2014; volta a cevá-lo agora..

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